Este é um post delicado pelas razões que creio serem do conhecimento de todos nós, mas isso não me impede de mesmo assim aqui apresentar as minhas razões...
Recentemente chegou-me às mãos um desdobrável de campanha relativo ao referendo que se realizará em Portugal no próximo dia 11 de Fevereiro, relativo à despenalização - ou não – da interrupção involuntária da gravidez até às 10 semanas.
Neste desdobrável, os apoiantes pelo Não, referem 9 razões pelas quais os portugueses devem votar assim no dia 11. Eu proponho-me agora a analisar essas razões e contrapô-las, dando assim as minhas razões porque EU devo votar Sim...
A primeira dessas razões é a de um feto ser um ser humano, e por isso tem direitos, como o direito à vida. E eu pergunto: se tem o direito à vida, não terá também o direito à liberdade de expressão? Perguntemos-lhe então se ela quer ou não nascer no seio de uma família que o quer, mas que não o pode sustentar!! Perguntemos se ele quer nascer no seio de uma família disfuncional, que não o deseja!! Perguntemos a essa criança (ainda por nascer) se ela quer nascer no seio de uma sociedade que não o prepara para as dificuldades que se avizinham, numa sociedade que se diz liberal mas que num assunto tão sério como este se mostra super conservadora!! POR ISSO EU VOTO SIM...
A segunda razão destes apoiantes do Não é saber se liberalizar o aborto, ajuda mulheres em condições económcas e sociais difíceis? Claro que não.. Mas a não liberalização da interrupção involutaria da gravidez também não. Será preciso mencionar as condições económicas e sociais do nosso país desde o 25 de Abril?!? Vejamos o caso dos nossos irmãos europeus.. os alemães... Caso não se lembrem, ainda no final do ano passado o estado alemão aprovou uma lei que confere uma importâcia de 2500€ às famílias cujos os filhos nascessem em território alemão após o dia 1 de Janeiro de 2007. Todos sabemos que essa iportância é miníma, mas talvez resulte no decréscimo de abortos nesse país. Em Portugal a medida seria até mais ou menos bem vinda, mas de certeza que iriam crescer os números de casais a ter filhos, a receber a grana”, e a dar os filhos para adopção. É claro que é obrigação do Estado proteger e apoiar famílias carenciadas, mas se nem com a actual lei em vigor o faz... POR ISSO EU VOTO SIM...
“Com a nova lei apenas mudará o facto de o aborto não ser punido? (..) O que está em jogo é (...) abortar apenas porque se quer.”. NÃO. O que está em jogo é abortar apenas porque se pode. Senão vejamos: todos sabemos que existem clínicas de aborto em Portugal (ilegais), todos sabemos que em algumas dessas clínicas não existem condições de higiene para a mãe e para o feto, todos sabemos que essas clínicas levam o “coiro e o cabelo” para que uma mãe possa abdicar do resultado de uma noite de loucura, todos sabemos que há mães que se dirigem a clínicas em Espanha para abortar. Mas se todos nós refilamos que há falta de médicos em Portugal, porque não lhes dar mais trabalho para que os que temos possam cá ficar a trabalhar? Mais trabalho implica mais postos de trabalho... “há mais de 20 anos que o aborto é legal em muitas situações”, mas se vivemos num país de igualdade, o que é para uns é para outros. Ou bem que é ilegal para todos, ou bem que é legal para todos. POR ISSO VOTO SIM...
“Será que uma mulher que [abortou] não deve ser humilhada num julgamento e acabar na prisão?” Da maneira como a pergunta está posta até parece que é isso que se quer... que a mulher seja humilhada e vá para a cadeia (isto deve ter sido escrito por um grupo de homens machistas...) Quanto à resposta por eles dada é a de que nunca nenhuma mulher foi parar à cadeia por ter abortado. É verdade, mas o que vem na lei não é isso. Então alguma coisa está mal... É a nossa justiça que trabalha mal... POR ISSO VOTO SIM...
Outra das razões apresentadas por esses apoiantes do Não é a de que já que o aborto e uma questão de consciência não têm os que são contra o direito de “IMPOR” a sua opinião aos outros. Má escolha de palavras... Se vocês forem contra os pais baterem ns filhos para os educarem, tentassem-me “impor” a vossa opinião e eu “impunha(O)” a minha mão. Será que cada um não tem o direito de escolher e pensar livremente?! Eu não pretendo impor as minhas razões para votarem SIM, eu simplesmente EXPONHO AS MINHAS RAZÕES PARA EU VOTAR SIM...
A sexta razão para votar Não é a de que já que vivemos num Estado laico, será que penalizar o aborto é uma questão religiosa? Se assim não fosse, e já que realmente vivemos num Estado laico (o Estado não tem uma religião oficial – explicação para quem não conhece o significado da expressão “Estado laico”...) o que faz a Igreja a mandar os seus “bitaites”?! Já que esta é uma questão de consciência, o melhor que a Igreja tinha a fazer era o mesmo que os partidos – não tomar uma posição oficial, mas sim uma posição pessoal. Seria difícil, mas não impossível ouvirmos padres, bispos, cardeais a votarem pelo Sim no referendo que se aproxima. POR ISSO VOTO SIM...
A sétima razão para votar Não é a de que não abortar é melhor do que abortar num hospital ou num vão de uma escada. Mas será que querem comparar um hospital ao vão das escadas do meu prédio (por exemplo)?!??? Não há comparação, até porque o vão das escadas do meu prédio está mais limpo do que alguns hospitais. O que acontece é que a explicação destes “abolicionistas” da liberdade de escolha pessoal e individual remete-nos para a oitava questão: ”a liberdade de escolher abortar promove a emancipação da mulher?” Eu não sou machista, mas uma coisa é certa... se uma mulher cede a questões pessoais ou profissionais para abortar, então desculpem, mas essa mulher é fraca. A lei defende casos desses em que mulheres se viram obrigadas a abortar para manterem os empregos ou os maridos ou os namorados. Mas se uma mulher cede a pressões, então... Não sei, mas acho que qualquer pessoa se deve manter firme às suas convicções até ao fim. Se o patrão diz que a vai despedir se ela não fizer um aborto, e se ela não o quiser fazer, acho que se deve manter irredutível na sua posição. Se o patrão a despdir, continue a lutar, há-de arranjar melhor emprego e patrão. Senão que peça ajuda ao Estado que não apoia devidamente essas mulheres. POR ISSO VOTO SIM...
A última razão é a de que será que devemos liberalizar o aborto pois são neste momento poucos os países que o proíbem e se será que a liberalização é uma forma de progresso e dão a resposta dizendo que Não. No entanto acho que liberalizar também não seja uma forma de retrocesso, ou será que é isso que querem dizer?! E se não podemos andar a “reboque” desses países europeus, refilem da mesma maneira com as políticas educacionais do nosso governo, que acha que só porque se faz na Europa, também deve ser feito em Portugal. Mas ao menos para isto fizeram um referendo.
Realmente a segregação racial, a escravatura, a desigualdade de sexos (uns são mais que outros?), e a discriminação dos homossexuais são situações que me repugnam, mas acho estranho que esses mesmos homossexuais sejam discriminados mesmo por quem os defende, quando acham que eles não devem adoptar crianças. Se discriminamos mulheres porque abortam, se as condenamos porque não dão valor à vida humana, que tal começarmos a pensar que se um casal de homossexuais poder adoptar uma criança, talvez se possa salvar uma mulher de abortar? POR TUDO ISTO EU VOTO SIM...
Para finalizar resta-me dizer que esta são as minhas opiniões para EU votar Sim. Não pretendo com isto tentar convencer alguém a votar Sim, mas se isto contribui de alguma foma para isso, ou se de alguma forma d voz a muitos que partilham da mesma opinião, já me dou por contente.
Esta é uma questão de consciência, e a minha diz-me para votar SIM.
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