Para ser diferente, hoje não escrevo ao som de James. Escrevo ao som de Ana Carolina e Seu Jorge. Que bom. Mesmo muito bom.
Mas mais uma vez o tema de um texto impõe-se e faltam me as ideias.
E então surge a ideia de um livro, de uma frase. "A Aparição", Virgilio Ferreira. Autor grande da nossa literatura.
Este seu livro li-o pela primeira vez com a idade de 16anos. Dois anos depois estaria a estudar a obra no meu 12º ano de escolaridade.
É um livro magnifico de um grande autor, mas o que mais surpreendeu na obra, foi a facilidade com que me identificava com algumas das personagens que iam travando contacto com o professor.
No entanto, de todas as personagens com as quais me identificam, duas tornaram-se para mim particularmente fascinantes. Bexiguinha e o próprio professor/protagonista.
Com Bexiguinha, identifico me, por também eu, questionar as coisas como ele. A ideia de podermos ter a vida e a morte na palma da nossa mão é algo de extremamente indiscritivel. Abomino a ideia de fazer mal a uma vida humana, mas também como ele já matei galinhas sem ser para depois as comer. (eram as galinhas do vizinho!!) E esta ideia de ter o poder é magnifica, torna nos poderosos, torna nos em Deuses na Terra. Somos nós quem põe e dispõe da vida de outros. Não me identifico com ele em crer que podemos tirar a vida a outro ser humano. Essa é uma decisão que não devemos ser nós a tomar. Fica ao critério do Acaso, mas a simples ideia de termos esse poder corre a minha mente e arrepia me as carnes.
Com o professor, só me posso identificar pelo conflito pessoal interior. A ideia de que podemos ter um Caminho pré-determinado por Algo ou Alguém é abominável. A ideia de não saber quem somos, porque somos, do que somos, são perguntas constantes na minha cabeça.
E continuo na incessante busca dessa aparição de mim em mim mesmo. Vejo me ao espelho e não me reconheço. Vejo me diferente, amargurado, feliz, triste, contente, resignado, desconformado, a favor, do contra... E no meio de todos estes adjectivos, qual o que melhor me define? Ainda procuro a resposta...
"Já sei olhar o rio por onde a vida passa/
(...)
vou deixar a rua me levar/
ver a cidade se acender/
a lua vai banhar esse lugar/
e eu vou lembrar você"
Não... Não é para ela... É para TI
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