Nas palavras psicografadas de Antoine de Saint-Exupéry, por Agualusa no seu livro "O Lugar do Morto", Exupéry dá-nos a fórmula para escrever um livro a ser lido por mulheres bonitas.
"Exupéry" começa por nos apresentar um dado estatístico: "(...), segundo dados recentes divulgados pelo comité organizador do concurso Miss Universo, 87,5 por cento das misses têm como livro de cabeceira Le Petit Prince."
Após esta pequena nota introdutória, "os autores" informam que é necessário um príncipe, viagens, um guru (raposa), etc, etc, etc.
It just so happens that, estando eu à conversa com determinada senhora, esta me informa que - escândalo dos escândalos - "Já não existem príncipes". Diz isto com um ligeiro tom de melancolia na voz. Com uma pequena tristeza no olhar, como que (in)conformada por viver uma idade em que já não acredita em histórias de encantar. Fui obrigado a retorquir, que ainda existem príncipes, como existem princesas. O obrigatório é procurar, não desistir e acreditar pois, quanto mais não seja, "o essencial é invisível aos olhos".
Quis de imediato perguntar porque raio ela haveria de dizer isso, e o que era para ela um "príncipe". Recuei. Tive receio de fazer a pergunta (ou de ouvir a resposta), a garganta deu um nó e disse só "Se existem princesas, porque não podem existir príncipes?". Ela olhou para mim, quase vi os olhos a brilhar, virou a cara e o assunto... virou também.
O problema é que o príncipe, já não aparece numa armadura reluzente, montado a cavalo, para salvar a "recatada donzela". O príncipe, é um anti-herói, cheio de defeitos, com manias de grandeza, com conhecimentos alargados de nada. Mas é um príncipe que nos tempos modernos é humano. Erra como qualquer outro e não tem medo de o demonstrar todos os dias, seja com o tampo da sanita levantado, seja com a roupa espalhada. Mas tem a coragem de mostrar que ama, que deseja, que é inseguro, que tem medos de perder ou de sufocar demais.
Eu acredito em princesas. Encontrei algumas (uma sobremaneira). Gosto de as ir encontrando e compará-las. Será sempre este o meu erro, o meu defeito, a minha mania da grandeza e o meu conhecimento alargado de nada.
Mas não consigo suportar a ideia de que alguém possa ter desistido de AMAR. Pobre criatura!! Quase me compadeço com ela, mas eu Amo.
Sem comentários:
Enviar um comentário