"Via agora à distância do tempo que não tinham nada para ser felizes. Ele nunca a conhecera verdadeiramente, assim como ela não o conhecera a ele. Simplesmente os seus caminhos haviam-se cruzado e, como dissera alguém muito sábia: “tinham tido um passado em comum”.
Foi um passado de relativa felicidade, com os seus momentos de altos e baixos, mas quem não os têm?
Tinha agora a noção de que nunca quisera muito lutar por ela. Havia chegado o ponto de “sem retorno”. Já nada havia a fazer. Achava que durante algum tempo ainda tinha andado iludido, de sentimentos confundidos, com a esperança que ainda a amava. Mas andava a iludir-se para quê? Com que finalidade? O que poderia ele querer que ela tivesse para lhe dar? Muito pouco.
No entanto era obrigado a dar o braço a torcer. Se ansiava revisitar sítios, a ela o devia. A ela devia algumas das amizades que surgiram. A ela devia alguns momentos de felicidade, maravilhosos, espectaculares mesmo.
Sim… Era-lhe difícil esquecer as pessoas. Familiares e amigos seus eram esse exemplo, havia anos que tinham deixado de fazer parte da sua vida, mas ainda pensava neles todos os dias. Também ela o faria pensar todos os dias, mas durou pouco tempo. Contudo, ela não o faria pensar mais na pessoa, mas nos momentos e espaços. Fazia-o pensar em férias, em locais, em pessoas. Mas só em alguns desses pensamentos, ela lhe surgia.
Não a censurava pelo que tinha dito, ou pelo que tinha feito. Aconteceu. Tinha que acontecer. Não se arrependia do que tinha feito, ou do que tinha dito, mas sabia que teria feito algumas coisas de maneiras diferentes. Ainda assim, por mais que pensasse, não saberia nunca o que teria mudado. Sabia que tinha valido a pena. Tinha aprendido tanto com ela.
Tinha redescoberto uma enorme paixão pela vida e pelas suas simples coisas. Um cinema, uma noite com os amigos, um dia em casa, uma noite de temporal, uma paisagem, um cigarro pensativo no canto da boca. Tudo isto agora lhe transmitia novos prazeres, novos sabores. Havia redescoberto, que devia viver toda a sua vida ao máximo, mas sabia que devia impor em tudo o que fazia tudo o que era, toda a sua vontade. Toda a sua paixão por tudo."
3 comentários:
Mesmo mesmo "from THE book"?
Epa, tou curiosa!!!
mesmo from the book... se kiseres, depois deixo te dar uma vista de olhos!
gosto principalmente do "passado em comum" :) bjao
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