Não poderei nunca chamar a isto uma carta de "Amor". Só falo de Amor se ele for correspondido. Amo, por exemplo, a minha mãe. Ela também me ama.
Será, então, uma carta de "Gostar".
Evitarei, ao máximo, falar em termos de felicidade. Alguém me disse que em termos químicos, a substância libertada pela massa encefálica, quando se come um chocolate, é a mesma libertada quando alguém diz estar feliz.
Como isto é para o meu "Segredo", não digo que o ande a "comer" (credo).
Introdução à parte, para os leitores, escrevo de Ti, o que nunca Te disse.
Dissemos uma vez que era mais fácil escrever do que falar. Realmente, maior verdade, não há.
Distantes vão os tempos em que quando gostava de alguém, escrevia uma simples carta onde dizia tão somente que gostava muito e terminava com um "Queres namorar comigo?" e, no fim, deixava dois quadrados: Um para "SIM", outro para "NÃO". E se a resposta fosse negativa, logo "partia para outra". (Era tão simples na altura).
Hoje não. Hoje seria incapaz de Te fazer tal pergunta. Mas acho estranho. Vontade não me falta. Mas não sei como reagiria à resposta, fosse ela qual fosse.
Também é verdade que já sei a resposta. Mas não é isso que me faz "desistir". Disseste-me um dia, que no meu lugar, já terias desistido, que não eras persistente. Mas como poderia desistir? Se gosto, não posso deixar que a minha estrela brilhe no meu céu, sem que a possa ver, sem que a possa admirar!
Podem muitos incautos, pensar que, este meu "Segredo", funcione como uma espécie de penso que uso para cicatrizar alguma ferida ainda aberta. Verdade. Mas mentira. Tenho ainda uma ferida que teima em não sarar, que não cicatriza. Por mais "betadine" que use, parece que, quando cicatrizou, alguém aparece para "raspar a crosta" e deixar novamente aberta uma ferida antiga.
Disseste-me que tinhas feridas por sarar. Não quero ser o teu médico. Essa ferida (como eu, também descobrirás), não irá sarar nunca. Manter-se-à aberta. Atormentar-te-à todos os dias. "E se dissesse de outro modo? E se tivesse feito de outra maneira?" Essas perguntas e outras, surgirão sempre nos nossos momentos de maior fraqueza. Mas, acredita que nesses momentos de maior fraqueza, poderás sempre encontrar um porto seguro.
Ainda hoje me pergunto porque não te digo isto! Porque seria incapaz. Porque não consigo. Porque junto de ti, as palavras, as frases, as conversas, tornam-se banais. Tremo, desmancho-me e não consigo encontrar o local exacto das peças. Até neste espaço já me faltam as palavras.
Mas também não me quero calar. Estou farto de silêncios. Não são saudáveis quando nos servimos deles para deixar coisas por dizer. Ainda assim, também nunca conseguimos dizer tudo. Há sempre algo que vai ficar por dizer e, é isso que nos perseguirá, que nos atormentará, que não deixará sarar as feridas.
Ando farto de sonhos. Se a Vida fosse um sonho, andávamos sempre a dormir. A Vida não é um sonho, nem sequer é cor de rosa. É de todas as cores. É da cor do arco-íris e cada dia é uma cor diferente.
Perco-me no discurso... Defeito meu. Quando estou nervoso, divago e não paro de falar. Fico chato. Gosto de ficar por cima, mas tu deixas me em baixo. Falo de tudo e de repente vejo que não disse nada.
Há uns meses tinha voltado a ter um sonho. Aquele que te escrevi. Estranho... Tínhamos ido jantar e blá blá blá... Acordei com o chamar do meu nome
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