sexta-feira, setembro 21, 2012

Assim saberei que estará sempre comigo.

O luto abate-se.

Aos poucos e poucos, instala-se sobre nós um pacto de silêncio. Deixa de ser preciso falar. Entendemos-nos no olhar uns dos outros.

Se as lágrimas lavam a alma, a minha tem de estar muito suja, muito negra, pois ainda não consigo parar. Todos os olhos brilham com a lembrança que vem à memória. Mas brilham com a água que os enche e deixa transparecer um enorme vazio que nos foi deixado no coração.

Aqui já não se fala. Só se escutam os silêncios que temos para contar.
Ainda é cedo para falar. Somos, ainda, crianças a quem a faculdade da linguagem não foi desenvolvida. E só entendemos os não sons professados e proferidos por nós mesmos.

Ainda não queremos ouvir mais nada. Nem o "já passou", "é a ordem da vida". Sabemos disso! O que queremos mesmo, é algo que nos foi arrancado e não mais será devolvido. E enquanto me lembrar disso, não quero que passe nunca. Assim saberei que estará sempre comigo.

2 comentários:

Norberto Marques disse...

Pedrito,

Sei do falas e também sei o que sentes. Já passei por essa experiência e posso garantir-te que é muito amarga, no meu caso talvez um pouco diferente, porque foram eles os meus pais. Sempre tive muita dificuldade em gerir a perda das pessoas que amo. Gostei muito do texto. Abraço grande puto.

Maria disse...

O tempo tudo "adoça" Pedro. De uma coisa podes ter a certeza a tua avó só viajou para além do teu olhar, de resto tudo vai permanecer igual, os verdadeiros sentimentos são eternos... partiu de certeza com a alma cheia de orgulho por ser a TUA AVÓ! Beijinho grande NETO :)