quinta-feira, janeiro 24, 2013

Microlímetro 3

Faz já algum tempo que não falo no Microlímetro. Termo meu! Em termos de distância, corresponde à mais ínfima unidade de medição de espaço. Na altura em que criei os dois textos anteriores, criei-os simplesmente pela ideia que me surgiu. Por um ímpeto de escrita que me impulsionou.

"Toquei-te! E com cada microporo da minha mão, senti cada microporo da tua pele. Passei-te a mão no cabelo e senti todas as pontas quebradas e espigadas de cada fio de cabelo teu. Abracei-te e senti o teu peito a encher e a esvaziar de ar, ao mesmo tempo que sentia o bater do teu coração. Senti cada impulso do teu corpo, como se fosse meu. Com o meu abraço, tornei-me a tua pele. Sim! A tua pele! Uma espécie de escudo que não se permitirá a deixar que nada te aconteça. Fiz parte de ti, durante esse abraço. E no momento em que fiz parte de ti, não senti nada entre nós. Mas senti-te a ti. Senti cada arrepio teu, cada calafrio, formigueiro, dor ou gota de suor. Reduzi toda a distância que havia entre nós. E no momento em que o fiz, qual lapa, não deixei de ser o teu escudo. Aparei todos os golpes que recebeste. Sequei todas as lágrimas que te correram e curei todas as feridas que te infligiram, secando cada gota de sangue derramado.
E, no final, beijei-te. Deixei que os lábios se fossem aproximando devagar. Queria sentir a tua respiração quente. Quis sentir o calor que saía de dentro de ti. E cheirar aquele momento, para que ficasse gravado na minha mente, para não mais esquecer os contornos, a temperatura e humidade. E quando não sobrou mais espaço entre os dois corpos, entre os lábios, nesse exacto momento em que a distância foi reduzida ao microlímetro, o mundo parou. Os relógios não andaram mais e ficámos imóveis naquela posição. Sem trocar palavras ou sons, na esperança de eternizar aquele milissegundo, aquele microlímetro... aquele beijo."

terça-feira, janeiro 22, 2013

Quando... simplesmente estás na minha mente!

Procurei em todo o lado. Corri o diccionário, as gramáticas, cusquei os livros da especialidade e que encontrei? Rigorosamente nada. Não encontrei em lado nenhum algo que pudesse de alguma forma descrever o mais belo dos sentimentos humanos. Não encontrei em lado nenhum as palavras que te queria transmitir. Mas porra... Às vezes penso que já foi tudo dito e se for procurar, não encontro. E é quando não consigo encontrar o que quero, que mais me dá vontade de escrever. E sabes porque não encontro as palavras que te quero dar, nas palavras de outro? Porque nas palavras de outro, a beleza das emoções não te é dirigida. Porque só eu sei o que sinto e como te sinto. Não é o mesmo que Pessoa, ou Camões, ou Queirós ou outro, qualquer que seja, sente. O que sinto é tão somente meu e só eu posso descobrir as palavras para o dizer ou descrever.

Mas se não encontro as palavras para te dizer, encontro a imagem. A imagem é tão somente esta:
Encontro-me à tua frente. Ponho as mãos no meu peito e começo por furá-lo com as unhas, de modo a conseguir abrir as peles. De seguida, afasto tudo o que se encontrar entre a minha derme e as minhas costelas. Abro o meu peito até ao momento em que me vês somente as costelas e o que elas protegem. Mas ainda consigo mais. Consigo separar as costelas até que estas deixem de proteger o que quer que seja.
No fim de o fazer deixo que decidas o que fazer com os meus órgãos. Deixo-te a ver os meus pulmões a encher de ar e a esvaziar numa respiração rápida e nervosa por me estar a entregar desta maneira nas tuas mãos.
Deixo-te a decidir o que fazer com o meu coração, à medida que oscila entre batimentos acelerados e grandes momentos de paragem.
Só assim consigo expressar! Só transmitindo esta imagem, para veres a fragilidade em que me deixas. Como sou frágil quando estou contigo, ou mesmo quando não estou contigo, quando te oiço e não te oiço. Quando... simplesmente estás na minha mente!

quarta-feira, janeiro 02, 2013

Merda pró Tempo!!

Pois é.. Merda pró tempo. Para o raio que O parta. Foda-se. Até o meu pc acarreta com as culpas das minhas frustrações. Carrego nas teclas com tanta força que parece que isto é uma das velhinhas máquinas de escrever em vez do computador caríssimo que foi.

Irra pá... Farto de coisas sem jeito nenhum. Farto de querer e não ter. Farto de não querer e ter. A única coisa que queria agora mesmo era poder adormecer. Mas um daqueles sonos mágicos dos contos de fadas. Um daqueles sonos de que somos despertos quando se resolveram todas as peripécias. Um daqueles sonos em que só depois de todas as conquistas feitas, de todas as batalhas travadas, somos acordados. Mas que significa isso?
Significa que não me apetece Viver. Mas calma. Não no sentido de estar morto. Viver no sentido de passar despercebido. Não ter alegrias nem tristezas. Não ter vitórias nem derrotas. Não amar nem odiar. Nem chorar nem rir.
Ser um sonâmbulo. Exactamente! É isso que apetece. Dormir em pé e de olhos abertos. Sentir a vida a esvair, a escorrer, a desaparecer entre os dedos. Deixar que o Filha da puta do Tempo me apanhe na curva e que de um momento para o outro eu acorde, olhe para trás e diga para comigo mesmo: "Tava a ver que nunca mais! Demorou mas finalmente estou à beira de acordar. Não vivi o que devia. Não fiz o que devia. Mas porra.. Pelo menos não chorei, não sofri, não amei, não tive derrotas. Só tenho pena de não ter rido"

Quando adormecer, é disso que mais falta vou sentir... de rir. De rir cheio de vontade. Um daqueles risos que vêm do fundo da alma. Um daqueles que nos fazem rir e roncar que nem porcos, ao mesmo tempo! Rir como se não houvesse amanhã.
E para adormecer o Tempo corre. Para aí o Cabrão já me arrasta. Já me chama há muito tempo. Mas o Ranhoso dar-me tempo para eu poder rir é que não. Isso Ele já não faz. Isso Ele já não deixa. Ok, Sendo assim, e uma vez que ainda não podemos impedir que Ele passe por nós, uma vez que não O podemos travar nem desacelerar, então, resigno-me e deixo que Ele me pegue antes do da hora marcada. Ajoelho-me aos Seus pés, entrego a minha espada e digo que desisto. Digo que faça de mim o que bem Lhe aprouver. Digo-Lhe que não quero mais feridas de lutas. Que guerras não levam a lado nenhum e que está na altura errada para ir dormir e descansar.
Viro-Lhe as costas e é isso que faço. Durmo e descanso.

Quando dormimos, Ele passa mais depressa. Pode ser que assim, também mais depressa Ela me encontre!