segunda-feira, novembro 12, 2012

É preciso azar...

Já não aguentava tudo aquilo.
Teve de ser. Agarrei-lhe nos cabelos, puxei-lhe a cabeça para trás e comecei a beijá-la. Beijei-a no pescoço, nos olhos, na face, na boca. Mordisquei-lhe os lábios e a língua.
De repente os botões da camisa saltaram fora. A pressa era tal que não dava para os desapertar um a um. As costuras partiram, os botões caíram, mas ainda havia uma camisola interior, ou uma t-shirt. Sei lá. Naquele momento a minha visão era o meu tacto. À medida que ia puxando esta camisola/t-shirt, lentamente, uma dor ia aparecendo. Puxei lentamente a roupa, até que os braços lhe ficassem nas costas. E retive-me assim. A dor aumentava. Sem tirar mais roupa, só a observar e a tocar os meus lábios nos dela. O prazer era tanto que a dor se tornava quase impossível de suportar.

MERDA... FODASSE... CARALHO... Bati com os cornos na mesinha de cabeceira e acordei!!!

sexta-feira, outubro 12, 2012

Transcendente

Tenho a vida de pernas para o ar... Nem sei bem o que quero! Quem me dera ser dono da verdade e saber o que o futuro me reserva. Saber o que vou ser, saber o que me espera... Saber quando e como...
Saber se um dia te vou conhecer. Saber ate que ponto te vou conhecer. Saber quem és. Saber se algum dia me conheceras verdadeiramente e, não só por estas linhas que te escrevo. Saber se um dia conseguirei reduzir entre nós a distância, ao microlimetro.
Saber se algum dia me desejarás como eu te desejo.
Esquece o plano físico. Desejo-te tão transcendentalmente...

segunda-feira, outubro 01, 2012

Esgotei...

Esgotei...
Há alguns anos atrás, alguém me disse que adorava o que eu dizia e escrevia sobre essa pessoa. Pois bem... Acho que esgotei todos os meus adjectivos, todo o meu vocabulário.
Para mim, agora és tão somente linda. Mas banalizei o adjectivo. És linda à tua maneira. Boas são aquelas tipas das revistas e da televisão. Tu és Só linda...
Mas também já não te consigo caracterizar de outra maneira.
Já não basta dizer que te adoro, ou que te desejo, ou mesmo que... Te amo! Já não é suficiente para mim. Precisava de conseguir dizer mais... De conseguir fazer mais.
Mas o tempo foi passando e eu fui desistindo, fui deixando de lutar por uma estrela que brilhava apenas dentro de mim, que me aquecia a alma nos momentos mais frios e que me seca a lágrima no rosto.

quarta-feira, setembro 26, 2012

Sou um Utópico Saudosista.

À falta de melhor…

Lembrei-me de me sentar e escrever.

Só me esqueci de um pormenor… O mais importante… O que iria eu escrever? Um artigo? Um romance? Uma peça de teatro? Mas eis que me assola uma só ideia, uma só palavra. Uma palavra que define a nossa sociedade actual, o nosso estado mental e tudo mais
que se possam lembrar.

Falo de UTOPIA. E porquê a Utopia? Por uma razão muito simples.

Acho que em tenra idade começo a admirar a fase literária que atravessou Portugal em finais do séc. XIX e princípios do seguinte. Falo do Saudosismo e do Grupo dos Vencidos da Vida. Dele fizeram parte grandes autores como Pessoa, Eça, Camilo, entre outros. Não quero de modo algum comparar-me a eles. Eles foram grandes. Eu sempre serei pequeno.

Vejamos. Qualquer um deles recordava com Saudade o tempo da sua infância (a nossa eterna felicidade, para sempre perdida nos meandros do tempo e da memória) e neste aspecto, concordo com eles. Mas acontece que nesta sociedade animalesca em que vivemos, torna-se cada vez mais e mais difícil de encontrar alternativas a essa tão desejada felicidade.

E aqui entra a Utopia (que já muitos se perguntavam onde andaria!). Note-se que enquanto todos andamos iludidos e a ser enganados por “meio mundo”, não deixamos tempo para a nossa felicidade. Acho que deveríamos gastar o nosso tempo na busca de algo mais que a “simples” estabilidade emocional e económica. Onde arranjamos tempo para as pessoas que mais amamos? Sejam elas familiares, namorad@s, ou simplesmente as minis com os amigos? Torna-se mais do que óbvio que no meio desta competitividade toda acabamos por nos esquecer de quem não devíamos.

Acontece que aqueles que por direito deveriam tomar providências, não o fazem. Era tão bom que os “pombos” que ajudámos a colocar no “poleiro” se lembrassem de nós de vez em quando. E para tal, bastava que criassem condições para que a população vivesse num clima de harmonia, de entreajuda e não de “fermentação” do delatismo.

Quero viver num mundo em que todos nos preocupemos com o desconhecido do lado, quero um mundo sem assaltos, sem tiros, em que todos trabalhemos para um bem comum. Quero Educação e Saneamento e Saúde gratuitos, não quero ser atendido em serviços públicos por pessoas que parecem estar de luto desde que acabaram a adolescência. Quero que aqueles que foram eleitos por nós, para trabalharem para nós, não nos obriguem a trabalhar para eles. Quero um mundo sem guerra, sem fome, sem calamidades, sem poluição, sem degelo e sem buracos no Ozono. Quero poder usar bio combustível sem ter de pagar avultadas multas. Mas sobretudo quero que a tal felicidade da nossa infância nos acompanhe por todos os dias da nossa passagem neste mundo que, à nossa semelhança, já se encontra com os pés para a cova.

Mas quem sou eu para falar destas coisas?! Sou um Saudosista Utópico? De modo algum!

Sou um Utópico Saudosista.

sexta-feira, setembro 21, 2012

Assim saberei que estará sempre comigo.

O luto abate-se.

Aos poucos e poucos, instala-se sobre nós um pacto de silêncio. Deixa de ser preciso falar. Entendemos-nos no olhar uns dos outros.

Se as lágrimas lavam a alma, a minha tem de estar muito suja, muito negra, pois ainda não consigo parar. Todos os olhos brilham com a lembrança que vem à memória. Mas brilham com a água que os enche e deixa transparecer um enorme vazio que nos foi deixado no coração.

Aqui já não se fala. Só se escutam os silêncios que temos para contar.
Ainda é cedo para falar. Somos, ainda, crianças a quem a faculdade da linguagem não foi desenvolvida. E só entendemos os não sons professados e proferidos por nós mesmos.

Ainda não queremos ouvir mais nada. Nem o "já passou", "é a ordem da vida". Sabemos disso! O que queremos mesmo, é algo que nos foi arrancado e não mais será devolvido. E enquanto me lembrar disso, não quero que passe nunca. Assim saberei que estará sempre comigo.

sexta-feira, agosto 24, 2012

A very very old letter

Não poderei nunca chamar a isto uma carta de "Amor". Só falo de Amor se ele for correspondido. Amo, por exemplo, a minha mãe. Ela também me ama.
Será, então, uma carta de "Gostar".
Evitarei, ao máximo, falar em termos de felicidade. Alguém me disse que em termos químicos, a substância libertada pela massa encefálica, quando se come um chocolate, é a mesma libertada quando alguém diz estar feliz.
Como isto é para o meu "Segredo", não digo que o ande a "comer" (credo).

Introdução à parte, para os leitores, escrevo de Ti, o que nunca Te disse.
Dissemos uma vez que era mais fácil escrever do que falar. Realmente, maior verdade, não há.
Distantes vão os tempos em que quando gostava de alguém, escrevia uma simples carta onde dizia tão somente que gostava muito e terminava com um "Queres namorar comigo?" e, no fim, deixava dois quadrados: Um para "SIM", outro para "NÃO". E se a resposta fosse negativa, logo "partia para outra". (Era tão simples na altura).
Hoje não. Hoje seria incapaz de Te fazer tal pergunta. Mas acho estranho. Vontade não me falta. Mas não sei como reagiria à resposta, fosse ela qual fosse.
Também é verdade que já sei a resposta. Mas não é isso que me faz "desistir". Disseste-me um dia, que no meu lugar, já terias desistido, que não eras persistente. Mas como poderia desistir? Se gosto, não posso deixar que a minha estrela brilhe no meu céu, sem que a possa ver, sem que a possa admirar!
Podem muitos incautos, pensar que, este meu "Segredo", funcione como uma espécie de penso que uso para cicatrizar alguma ferida ainda aberta. Verdade. Mas mentira. Tenho ainda uma ferida que teima em não sarar, que não cicatriza. Por mais "betadine" que use, parece que, quando cicatrizou, alguém aparece para "raspar a crosta" e deixar novamente aberta uma ferida antiga.
Disseste-me que tinhas feridas por sarar. Não quero ser o teu médico. Essa ferida (como eu, também descobrirás), não irá sarar nunca. Manter-se-à aberta. Atormentar-te-à todos os dias. "E se dissesse de outro modo? E se tivesse feito de outra maneira?" Essas perguntas e outras, surgirão sempre nos nossos momentos de maior fraqueza. Mas, acredita que nesses momentos de maior fraqueza, poderás sempre encontrar um porto seguro.
Ainda hoje me pergunto porque não te digo isto! Porque seria incapaz. Porque não consigo. Porque junto de ti, as palavras, as frases, as conversas, tornam-se banais. Tremo, desmancho-me e não consigo encontrar o local exacto das peças. Até neste espaço já me faltam as palavras.
Mas também não me quero calar. Estou farto de silêncios. Não são saudáveis quando nos servimos deles para deixar coisas por dizer. Ainda assim, também nunca conseguimos dizer tudo. Há sempre algo que vai ficar por dizer e, é isso que nos perseguirá, que nos atormentará, que não deixará sarar as feridas.
Ando farto de sonhos. Se a Vida fosse um sonho, andávamos sempre a dormir. A Vida não é um sonho, nem sequer é cor de rosa. É de todas as cores. É da cor do arco-íris e cada dia é uma cor diferente.
Perco-me no discurso... Defeito meu. Quando estou nervoso, divago e não paro de falar. Fico chato. Gosto de ficar por cima, mas tu deixas me em baixo. Falo de tudo e de repente vejo que não disse nada.

Há uns meses tinha voltado a ter um sonho. Aquele que te escrevi. Estranho... Tínhamos ido jantar e blá blá blá... Acordei com o chamar do meu nome

quinta-feira, agosto 23, 2012

Medricas!!

Tenho não sei quantos anos e nada de paciência. Já fiz o que tinha a fazer e vivi quase tudo o que havia para viver.
Hoje, ao fumar o meu cigarrito, dei conta de umas covas muito grandes em ambos os lados da minha face.
Senti-me muito velho, muito acabado. Senti que, ainda assim, existiram coisas que devia ter feito e dito e, não tive a coragem.
E a paciência?! Esgotou! Já não tenho apetite para me dedicar a nada nem a ninguém. Não levo nada até ao fim. E a única coisa que em tempos acreditei merecedora de levar até ao fim, fosse por gostar, querer ou mesmo amar "desapeteceu-me". O peito torna-se pequeno, a respiração rápida, os membros frágeis, no entanto, como tudo, o Tempo ajuda. Tornar-me-ei calculista, frio e insensível. Não deve ser difícil.
Isto tudo por causa de quê? De quem? Por causa de um sentimento e por causa de alguém. Os homens são todos iguais... São uma cambada de medricas. Têm medo de tudo. Medo que lhes digam que sim, que lhes digam que não, quê... Sei lá... De tudo.
As mulheres, ao contrário são corajosas. Mas são frias! Gostam de tudo muito certo. E são altamente egocêntricas. Estimam-se a si próprias, só pensam nelas antes de mais alguma coisa ou alguém. Demoram muito tempo a pensar que podem estar a magoar-se a si próprias ou alguém.

sábado, agosto 18, 2012

Não sei..

Se me perguntarem o que vi, não sei responder. Estive o tempo todo a observá-la. Se me perguntarem o que ouvi, não sei responder. Estive o tempo todo a apreciá-la. Estive o tempo todo a desejar deitar a minha cabeça no seu regaço, a desejar puxar-lhe o cabelo para trás da orelha, só para poder ver melhor as suas feições. A desejar passar-lhe o braço à volta do pescoço.

terça-feira, agosto 14, 2012

Clichés..

Acho que é uma espécie de repost de outro mais antigo, mas este impõem-se mais do que esse anterior.
Vejamos se consigo fazer a minha definição de AMAR, ou AMOR, sem cair em muitos clichés. Sei que não será fácil. Muito já foi dito e escrito sobre este tema. Deverá mesmo ser o mais "badalado" de toda a Literatura, mas ainda assim, há sempre qualquer coisa que falta dizer e, o que sempre falta dizer, é algo nosso!

Sim é verdade... Perdeu-se muito do significado, mas também ganhou uma importância muito grande. Talvez até demais.



Quando amamos, nem sempre sabemos que somos amados. É fácil e não tem nada que saber. Amar não é mais do que um sentimento que se nutre por outra pessoa. Mas esse sentimento pode, e chega a ser, confundido com outros. Para Amar é preciso haver confiança, cumplicidade e, sem dúvida nenhuma uma espécie de "vidente". Saber quando o Outro está mal e precisa de desabafar, saber quando está bem e precisa festejar, saber quando calar e quando falar. Mas sobretudo, saber ouvir! A aparência física, ou a qualidade da relação na cama são completamente relegadas para segundo plano, quando mesmo à nossa frente se encontra um amigo. Sim! É isso que dois amantes são. São sem sombra de dúvida e antes de mais nada, dois amigos que se conhecem e compreendem mutuamente.
Amar pode ser difícil. Acredito que sim. Sei que sim. Mas tudo tem de começar de alguma maneira. Não acredito no Amor à primeira vista.

Amar, deveria ser o mais nobre dos sentimentos. Nas palavras de Miguel Esteves Cardoso, tornou-se numa espécie de pacto de só porque sim. Custa-me a acreditar. Ainda deve de existir algum verdadeiro Amor por aí. Alguém... Um casal que passou toda a sua vida junta. Um casal que passará toda a sua vida junta, mas não por conveniência, mas sim mesmo por amor. Com ternuras constantes trocadas, com brigas que se tornarão em mais juras e promessas de amor eterno. Mas "cheio de promessas e boas intenções, está o Inferno cheio". Ainda assim, será que, quando amamos essas promessas não se tornam verdadeiras? Quando amamos, perdoamos, quer queiramos ou não. Como referi antes, o Amor confunde-se com outros sentimentos. O mais parecido é o da Amizade. Se esta é a "biblioteca do coração", o Amor será sem dúvida o seu bibliotecário.
Tudo tem de começar de alguma maneira (e nunca só com o olhar). Seria incapaz de amar alguém de quem não gostasse. Com quem não tivesse alguma cumplicidade, alguma amizade. Mas é claro... Amo os meus amigos e as minhas amigas. Contudo não é esse o Amor que todos buscamos, que ansiamos. Queremos alguém que nos aceite como somos, com toda a bagagem que trazemos, com as nossas qualidades e defeitos. Queremos uma só pessoa que nos faça rir quando só queremos chorar. Queremos um(a) companheir@ que se cale quando só queremos falar, que não nos interrompa, que saiba, mesmo ainda, antes de nós próprios sabermos, exactamente o que queremos, o que desejamos, seja ele um beijo, uma carícia, um silêncio, ou mesmo um gelado.
"Os opostos atraem-se". É MENTIRA. Quer dizer... Em termos de Física, até é verdade. Mas em termos de Química sentimental, se gosto ou se amo, é porque tenho alguém que me compreende. Que pensa como eu e sabe o que gosto - porque somos parecidos.
Não há duas gotas de água iguais. Também não há duas pessoas iguais, logo os gostos, as maneiras de ser, as personalidades, não podem ser iguais. Mas podem ser semelhantes. E é isso que nos motiva a Amar. Aprender a gostar de outro pelo que é e não pelo que parece. É aí que reside o desafio.
Não tenho medo de ficar sozinho. Às vezes é o que mais apetece. Mas também não ficarei. Sei que tenho um enorme Amor, uma enorme paixão que nutro.
Apesar da ausência da fisicalidade, fica uma espécie de platonismo e não preciso mais nada. Acompanha-me nos meus momentos de fraqueza. Para muitos, isto não é Amor. É somente uma obsessão, ou mesmo um devaneio passageiro. (Mas que será Amar se não isto? Não seremos todos obcecados pelo fruto da nossa paixão? Não é tudo fugaz e passageiro? Não acredito em amor para além da vida e, se esta é passageira...) Não creio. Acredito no Amor e em toda a sua beleza, seja ela qual for. Mas não acredito que para Amar exista a necessidade de reciprocidade.
Seria hipócrita se dissesse que um carinho, um beijo na testa, na boca e um sorriso a passar-me na cara, não me fazem falta. Se dissesse que não me importo de ficar sozinho na velhice, estaria a dizer meia mentira. Lógico que todos não queremos! Mas mais do que isso, não quero chegar a velho e ver que nunca amei, que nunca soube o que isso é. Tal não acontece, nem acontecerá.
"O Amor é eterno, total em si mesmo. A sua beleza nunca finda, mas continua para sempre". É verdade. Se há duas coisas que são eternas, são essas. Deus (para os Católicos e que acreditam) e o Amor. Sempre existiu, sempre existirá, prevalecerá no fim. É esse mesmo Amor, que levo comigo, que me aquece quando tenho frio, que não pressiona, que se cala quando todos os outros berram, que se encolhe comigo e cresce comigo. Mas sobretudo... É silencioso. É isso tudo... O Amor é silencioso. Aparece e não diz. Foge e não diz. Ataca pela calada. Mas adoro quando ataca..



Dois agradecimentos:

1) A ti, Ana porque me deste esta ideia. Acho que se não fosse assim, tão cedo não voltava a escrever. (No entanto, também acho que consigo melhor e era disso que falava da outra vez)

2) A ti, só porque sim e me apetece!

quarta-feira, agosto 01, 2012

Branco e vazio..

Dói... Dói querer rir e não conseguir, querer falar e ficar emudecido, querer andar e as pernas não responderem ao mandado. Mas a mim, sobretudo dói-me querer escrever e já não conseguir. Dói imenso chegar ao teclado e ter as ideias, ter algumas palavras mas, não as consigo dizer, não as consigo escrever. Um enorme bloqueador impede-me de escrever. As músicas, as pessoas, as vivências ou os sentimentos já não resultam. É tudo branco e vazio na minha alma.

segunda-feira, junho 25, 2012

No breaks...

Odiei a minha vida! Às portas de fechar os olhos, olhei para trás e vi que não tinha feito nada. Não consegui deixar a minha marca no mundo. Não consegui marcar ninguém. Não consegui lutar quando devia e baixei os braços. Permiti - me a derrota. Como deixei que acontecesse? No meu intimo, sempre me considerei um lutador, sempre achei que conseguia levar as minhas decisões até ao fim e imaginei que conseguisse arcar com as consequências dos meus actos, fossem lá eles quais fossem. No entanto, quando dava o primeiro pontapé numa pedra e magoava o dedo do pé, agachava - me e chorava sozinho. Desistia no primeiro obstáculo que me surgia. Perdia as forças para me levantar de novo e deixava - me ficar no meu canto a matutar no que teria feito se as coisas corressem de outra maneira. Encontrava sempre a mesma solução. Devia ter sido persistente. Devia ter feito isto ou aquilo. Mas não o fazia. A única vez que fui persistente com alguma coisa, levou - me a perder anos da minha vida. Deixei que uma miragem, um sonho regesse as minhas decisões, que conduzisse a minha vida em determinados caminhos e, assim, deixei de viver. A dados momentos, dava por mim a perguntar - me como tinha chegado ali. Dava comigo à procura da última recordação que tinha antes daquele instante. Chegava sempre à mesma conclusão... A recordação anterior era sempre muito antiga. Quase tão antiga como a vida que tinha levado. Ainda assim, deixava que as coisas se mantivessem. Nada fazia para as alterar. A minha vida correu tão depressa. Falharam - me os travões tão cedo. (texto muito incompleto)

terça-feira, maio 15, 2012

Um furo no peito...

Fodasse! A cavilha não atravessa o peito todo. Mas como poderia? O peito dele tinha crescido tanto. Guardava lá tanta coisa que se não crescesse todos os dias, corria o risco de não aguentar e ter a qualquer altura explodido. O cómico da situação é só ele ia vendo o seu peito a crescer, mas como se tornava habitual, a dada altura, também ele deixou de o ver crescer. Para os outros ele estava perfeitamente normal. Com as medidas todas certas, sem nada de anormal com a sua pessoa ou físico. O dia começou da mesma maneira que tantos outros. Acordou tarde! É sempre o mesmo. O Pestana demora a chegar, mas quando chega parece que veio para ficar a vida. Às vezes era preferível que assim fosse. Chegava o Pestana e ficavam os dois em brincadeiras e conversas até ao dia em que já não houvesse mais dia. Mas não... Acaba por acordar e dá-se o principio de mais uma alvorada. Este novo dia, ainda ele não sabe, fará crescer o seu peito mais um microlímetro. Acorda, faz o que tem a fazer e quando a sua mente fica livre para si mesma, divaga, liberta-se e ganha vida própria. Pensa. E são estes pensamentos que fazem crescer o seu peito. Pensa na sua vida, nas suas relações, nos seus amigos, no passado, no presente e no futuro. Mas para quê? Porquê? E porquê o futuro? São estes pensamentos, estas libertações da sua mente que lhe fazem crescer o peito, que fazem com que lhe seja impossível de fazer a cavilha chegar ao destino. Ainda assim, o dia vai tão somente na sua madrugada. Por volta do meio dia, já o seu peito se tinha inflamado mais de uns pensamentos de desejos não cumpridos e desejos não realizados. Ao final do dia, já o seu peito crescera milhares de milhões de microlímetros que o impediam de ver o chão que pisava, os passos que dava. Era então que se resolvia a ir buscar a cavilha para furar, para poder esvaziar e libertar-se qual balão de ar. Mas o seu peito havia crescido mais. A cavilha que tinha não era suficiente para o libertar dos seus amores e das suas desilusões. Fodasse! A cavilha é pequena e não atravessa o peito. Não chega ao seu destino. Ficaria para o dia seguinte a demanda por uma cavilha maior. Por uma que ponha fim ao seu desejo de poder voltar a ver os passos que dá, de poder voltar a não sentir. Não sentir será assim a única solução para o crescimento desmesurado do seu peito. Resta assim um furo no peito, para o lembrar que no dia anterior não foi suficiente. Amanhã tentará novamente com uma maior.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

INCUMPRIDO

Faz tempo que não passava por este espaço...
Faz tanto tempo que me esquecia de como era...

O tempo vai decorrendo e as coisas que antes me eram queridas e garantidas, vão-se tornando ténues memórias de um passado distante. Vão-se tornando lembranças e lembram-me que o mundo gira, dá muitas voltas e as coisas nunca podem voltar a ser as mesmas. Mas como poderiam?
Nada pode voltar a ser nunca o mesmo. Viver é isso mesmo. São mudanças constantes na nossa pele, na nossa alma. E a minha mudou. E mudou muito.
Tornei-me "bitter". Deixei de ser "sweet".
Já não consigo!
Deixei de escrever, deixei de ler, deixei de ver, deixei de...
Sentir... Sinto... Quase nada. Sinto-me viciado em mim, nas minhas sensações que se esgotam no contacto, nas vivências. Sim... Já nem vivo. Vou-me arrastando, qual lesma que percorre o seu caminho.
Estou incompleto. Acordo sempre com um enorme vazio que não consigo preencher e mesmo que conseguisse, não saberia como. Deito-me todas as noites com a mesma sensação de dever incumprido.