segunda-feira, novembro 25, 2013

Cartas de nós para nós

Buongiorno principessa:

A escrita é algo de mágico. É através da escrita que expio medos, pensamentos, pecados. Mas é também através dela que nos reinvento. Que nos junto.

Faz tempo desde a última vez que te escrevi. Faz tempo desde a última vez que te vi. Faz tempo desde a última vez que disse a mim próprio que sentia a tua falta, mas também me disse que não sentiria mais a tua falta. Tão grande mentira.
Credo!! Faz tanto tempo que já nem me lembro das feições da tua cara. Tenho de ir às fotografias antigas. Para ouvir a tua voz, tenho de ir aos vídeos. Mas não é a mesma coisa. As caixas de som distorcem o som da tua voz. Não é como me lembro. É diferente. É metálico! E nas fotografias, não posso sentir o calor do teu corpo enquanto a minha mão se passeia a descobrir novas rotas na tua cara.
Os teus cheiros desapareceram da minha mente. Já não me consigo lembrar dos cheiros. Mas como poderia? Tanto tempo que já passou desde a última vez que os senti. Mas lembro-me que eram agradáveis. Tudo era agradável quando estávamos juntos. O tempo passava a correr e, eu sentia-me ébrio na tua presença. Parava para te ouvir falar. Queria que o tempo discorresse à mesma velocidade dos gelos primaveris que derretem com a chegada dos primeiros raios de sol. Mas quando estava contigo, ele apressava-se a levar-te para longe de mim. E de tanto que se apressou, um dia te levou, para não mais trazer.
Mas não guardo a mágoa. Mesmo que não te volve a ver, a sentir, a ouvir ou a cheirar, mesmo que não nos voltemos a encontrar, junto-me a ti sempre que quiser(es).


À espera da tua resposta, um beijo:

NÓS

terça-feira, setembro 03, 2013

Porque quero!

Um silêncio da savana instalava-se. Tal como ele, esse silêncio, era quebrado de tempos a tempos, por algum barulho longínquo. Assemelhava-se a uma batida seca... de um coração. Era essa batida, esse som que o fazia ver que estava vivo! Estava sozinho no meio de tudo o que o rodeava. Mas se se encontrava sozinho era porque assim o entendia. Remeteu-se para si mesmo e não mais se permitiria a voltar do lugar escuro, sombrio, gélido em que se encontrava.
Outros tempos houve em que quase o fez. Quase voltou.
Na fortaleza que havia erigido para si, deixou uma fresta, uma minúscula fresta por onde chegavam os sons do mundo, as lembranças, os desejos. Mas nem só.
Uma certa noite, surge-lhe por essa fresta, um vulto, um ser daqueles com quem há muito havia deixado de conviver e em quem havia deixado de acreditar.
Ela aparecia-lhe durante a noite. Era com ela que os barulhos ganhavam frequência e se tornavam mais audíveis. Trazia com ela um prenúncio de vida. Foi ela que quase o fez querer deixar o seu desterro.
Ela era esbelta e esguia, ventre plano. Era um ser do deserto e movia-se como o vento das areias. Os seios como duas dunas imponentes, convidavam ao olhar. Os olhos... Esses eram expressivos e quentes como o sol que assola, queima e aquece o deserto. Contrastavam com o coração, gelado e escuro como as noites do deserto.

Durante noites, nada mais fizeram que olhar-se. Tentarem entender-se nos olhos um do outro, nos seus silêncios. Muito tempo passou até que se decidissem a quebrar o silêncio que os separava, até decidirem quem seria o primeiro a proferir a primeira palavra. Como se se tratasse do "verbo" bíblico. Como se a primeira palavra fosse a mais importante de todas. Como se fosse a única razão para continuarem ou se perderem para sempre no distante silêncio que tinham erigido entre eles.
Eis então que ela levanta a face e ele pode apreciá-la pela primeira vez, desde o primeiro dia. Nota a pele morena, o nariz direito, mas ligeiramente arrebitado na ponta. Os olhos grandes e claros. E os sinais. 3 muito discretos, mas que lhe cativavam o olhar e o obrigavam a fixar-se nela.
"Porque estás aqui?" A voz era tão doce como um delicioso mel. Tão fluída como um natural ribeiro selvagem. Aquele som arrepiou-o, estremeceu-o até ao mais mínimo de si.
"Não sei nem quero saber! Porque quero! Por ti! Sim. Por ti." "Mas queres porquê? Sabes o que perdes? Por mim? Por mim?" Fazia perguntas de mais. Queria saber de mais.

terça-feira, julho 16, 2013

!!!

Fechei! Não quero voltar a desejar, a querer, a precisar ou mesmo amar. Entrego o meu coração nas tuas mãos, para dele fazeres o que bem te apetecer. Mas sabe que será teu. O que senti ou sinto por ti, não me permitirei a sentir por mais ninguém.
Podem aparecer outras pessoas na minha vida. Posso até voltar a gostar de alguém. Mas o que algum dia imaginei e sonhei fazer contigo, não o farei com ninguém. Serás sempre a única pessoa com quem desejo e alguma vez desejarei passar o resto dos meus dias

segunda-feira, junho 24, 2013

A felicidade é subjectiva!

Se algum dia lhe perguntasse porque tinha feito o que fez, responderia que seria para que com a sua infelicidade, ela pudesse ser feliz!
Há sempre alguém que sai a perder, daí ser subjectiva.

segunda-feira, abril 01, 2013

Dá só com meio coração?



Acordo sobressaltado a meio da noite. Rebolo e volto a rebolar, mas o Pestana teimou em me abandonar. Pergunto ao relógio se falta pouco e ele informa que a noite ainda mal começou. E então tudo recomeça!

Sinto! Sinto tudo de todas as maneiras. Uma comichão enorme no peito. E por mais que coce, ela teima em continuar, até que me lembro que a comichão não é por fora. É por dentro!








E quando me perguntaram o que via nela, respondi que via o que faltava em mim!

Não cabe... Cabe...

Não cabe no peito o que te dei. O que te quero dar. O que algum dia te poderia dar.
Não cabe na distância que nos separa o desejo de te ver, de te beijar, de te acariciar.
Não cabe em espaço algum a tristeza da tua frieza, do teu afastamento.
Mas cabe no meu coração o prazer da tua presença todos os dias na minha cabeça.

terça-feira, março 05, 2013

My first book

E de repente, aquelas palavras gelaram o seu mundo. Eram palavras vindas directamente das mais remotas calotas polares. E fizeram-no pensar no seu mundo. Todos os seus problemas pareciam insignificantes perante este novo desafio que se lhe era apresentado.
Era difícil. O seu Castelo de Cartas, que tanto tempo e trabalho lhe havia dado a construir, ruia agora, perante a sua impotência.
Que fazer? Como refazer toda a sua construção? Como se reconstruir? As perguntas impunham-se à medida que ela continuava a gelar tudo com as suas palavras. "Eu já não te amo. Foste simplesmente um acidente de percurso." Como podia aquilo estar a passar-se? O que iria na cabeça dela, que a fizesse mudar tanto em tão pouco tempo?
As perguntas entupiam a sua cabeça, ao ponto de, já não a conseguir ouvir a falar e não entender nada do que ambos dissessem.
Os termómetros marcavam 0 graus, mas depois de tamanha baldada de água fria, nada mais lhe parecia frio a não ser a sua alma. Tinha gelado depois de ouvir as suas palavras.
Todos os seus pensamentos lhe fugiam para lugares remotos, de temperaturas amenas, para sítios que pudessem descongelar o que acabavam de lhe congelar.
Só conseguia pensar em termos de escuridão, de névoas, de futuros incertos... de morte! Por mais que tentasse encontrar no seu íntimo, praias paradisíacas, as únicas imagens que lhe atravessavam a mente, eram imagens de momentos de êxtase que havia passado com ela. Só pensava na noite anterior, em que tinham feito amor. "A noite passada não significou nada para ti?" "Nem por isso. Não é preciso Amor para ir para a cama com alguém!"
Foi nesse exacto momento que as suas gélidas palavras lhe arrancaram o coração, com a crueldade com que um carrasco puxa a cadeira a um enforcado. Foi nesse exacto momento que a ideia que tinha construído em redor dela se desfez. Foi nesse momento que deixou de se sentir, deixou de sentir calor, virou costas e desapareceu.

Tinha de chegar a casa o mais cedo possível. Tinha de se refugiar naquele sítio que sempre lhe transmitira a segurança de uma cidade muralhada. Tinha de chegar ao seu quarto. E à medida que se aproximava dessa sua impenetrável fortaleza, começou a refazer o seu futuro.
Começou a pensar em tudo o que tinha deixado por ela. Nos amigos, nos locais e em tudo mais.
Assim que chegou ao seu santuário, deixou-se inebriar pelas recordações que aquele espaço lhe trazia, fechou os olhos e dormiu. Amanhã seria um novo dia.

Ela sentiu-se aliviada por deixar sair o que há tanto tempo lhe perturbava a alma. Como poderia ela ter aguentado dois anos mais que o que devia. Muito a tinham ajudado os amigos. Particularmente os dele. Sempre lhe haviam dito que era uma fase passageira, que as coisas haviam de passar, mas por mais ouvidos que desse à razão, o coração lhe indicava outro caminho, outra pessoa. O que ela via agora, era uma porta que se abria de novo na sua vida, sem nunca pensar no enorme vazio que tinha provocado noutra pessoa, sem nunca pensar que mais tarde seria incapaz de voltar a sentir o que antes havia sentido e experimentado.

À medida que os dias, os meses, os anos passavam, as suas vidas tinham seguido caminhos diferentes.
Ele havia refeito as suas prioridades. Houveram alturas, em que chegou a pensar na imensa solidão que poderia significar uma vida sem Amor. Mas esse receio, cedo se desvaneceu. Ele sempre havia sido uma pessoa extremamente fácil de tratar. Sempre teve facilidade em encontrar o bom em todas as pessoas, sem se preocupar que se pudesse magoar, sem se preocupar que o pudessem magoar. A partir daquele momento ele continuaria a ser ele mesmo, mas com a diferença, que também ele próprio passara a ser o centro das suas atenções e, nada do que lhe dissessem o faria mudar de ideias.

Naquela noite, nem lhe apetecia muito sair de casa, mas tinha prometido a uns amigos que se encontraria com eles. Assim, a muito custo, lá se arranjou, sempre da mesma maneira, jeans, sweat e sapatilhas rotas. Longe ía a ideia de que aquela noite o transformaria para sempre. Longe ía a ideia de que aquela noite iria apressar acontecimentos desastrosos.
Ao chegar ao local, apressou-se a cumprimentar os presentes e, a fazer-se apresentar aos desconhecidos. Uma em particular. Ela. Foi nessa noite que tudo começou.
As banalidades e trivialidades de uma conversa de café, sucederam-se. Mas ela não parava de o examinar. Examinou-o com e delicadeza com que um apicultor trata as suas abelhas. Examinou-o com o cuidado de um cirurgião. E deixou-se enganar. Não viu que apenas procurava um escape para o buraco onde antes se tinha atolado. Não pensou no que pudesse suceder. No final da noite seguiriam caminhos separados, mas voltariam a cruzar-se dias depois. Ela de tudo faria para, não mais o deixar fugir. Estava decidida a conseguir o que queria.





Não mais se tinham encontrado, nem sequer trocado palavras.
Ele tinha-se refugiado nas pessoas que sempre lhe importaram. Nos seus amigos. Tinha encontrado a força para continuar, nas muitas palavras de afecto que lhe haviam dirigido. "Esquece! Life goes on"

domingo, fevereiro 10, 2013

Boa Vida!

É fodido... Querer explicar aqui e agora como me sinto, o que penso, o que quero, o que desejo ou o que preciso. É fácil se quiser ser simples. Posso dizer que penso em alguém, ou ninguém. Que quero paz e sossego, que desejo isto ou aquilo, ou que preciso de alguém junto de mim. Mas isso é ser simples demais. E não corresponde bem à verdade.
O que queria mesmo era viver ou sentir algo de diferente.
Viver... Era mesmo isso que precisava. Precisava de me sentir vivo. Sentir que a vida tem um sentido, um significado e que não tem por hábito de nos pontapear nas bolas quando menos esperamos. Queria saber que a vida não nos atraiçoa, que não nos apunhala nas costas. Desejava que a vida fosse mais simpática e que me desse uma oportunidade de a apreciar de vez em quando. Mas o que eu preciso mesmo é que a vida me deixe em paz. Que siga o seu caminho e deixe-me a mim seguir o meu. Que não me passe rasteiras e que não ande sempre atrás de mim a empurrar-me para o chão, e a espezinhar-me. Que me deixe ser (in)feliz comigo próprio. Que não me dê sonhos que vejo serem cada vez mais e sempre mais difíceis de se realizarem. Quero que me deixe em paz o mais depressa possível.
Penso que se pudesse estar com ela, vê-la e apreciá-la, conseguiria demovê-la do seu propósito de constantemente me atraiçoar. Penso que lhe diria para me deixar em paz e perguntaria se alguma vez lhe tinha feito algum mal para me tratar dessa maneira. Teria medo da resposta. Eventualmente, a minha vida, diria que eu não posso ser feliz, ter paz e um pouco de sossego, porque não saberia o que fazer com isso. Haviam provas provadas e demonstradas que lhe dariam razão a ela. Sim. Talvez seja isso... Se tivesse uma boa vida, não saberia o que fazer com ela.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

Days and Nights

Dia 1:

Tive tudo o que sempre quis. Por breves momentos, fui desejado e deitei tudo a perder!

Começou há tanto tempo que já nem sei por onde começar. Mas como todas as histórias, começo pelo princípio. Nada que não tenha já sido dito, nada que não se saiba já.

A primeira vez que te vi, aquele primeiro vislumbre, seguirá a minha vida. PERseguirá-me até ao fim. O jogo do gato e do rato a seguir.. Mas sobretudo a minha cobardia. O medo que ambos, em alturas diferentes, tivemos em arriscar, em dizer que sim ao que nos acontecia.

Ah! Os teus olhos.
lembro-me de todas as promessas que te fiz. De todos os "para sempre" que agora não posso mesmo cumprir. Lembro-me de todas as palavras tuas, todas as frases tuas, as mais sinceras e as menos sinceras, as que me fizeram feliz e as que me trespassaram o coração, que me dilaceraram a alma e me fizeram chorar muitas noites agarrado à almofada.

Ah! Os teus olhos.
Mas era isso que tinha de fazer. Tinha de chorar. Se adormecesse, o meu subconsciente divagaria e poderia não se juntar a ti. Não era isso que queria. Queria-te - e quero - sempre na minha cabeça. O dia já não me correria da mesma forma se não pensasse em ti.

Ah! O teu sorriso.
Não me lembro da última vez que o vi. Mas lembro-me que é lindo. Que me aquece a alma. Que me acalma. E quando é sincero, ilumina tudo à sua volta.

Ah! O teu sorriso.
E por momentos paro de escrever. Passo os dedos nos cantos dos olhos à procura de algo que não está lá. Saio daqui. Digo que não escrevo mais e, deixo o texto a meio. Mas não consigo! Fumo o meu cigarro e volto para aqui. Não deixo nada a meio. Se começo algo, tenho de o acabar. Comecei a escrever o teu nome em mim e se comecei, irei acabar. Não darás por isso. Ninguém dará.

Ah! A tua pele.
Lisa, doce, brilhante, macia... Celeste! Poderia ser esse o teu nome e assim, sempre que te chamasse, já diria tudo de ti. A mais celeste das criaturas. Poderias ser "Lídia", mas serias a mulher-demónio e a desgraça de qualquer homem. Não creio que sejas.

Ah! Os teus lábios.
Peço desculpa por não acreditar nas tuas palavras. Compreendo, entendo, Mas não acredito.
Ninguém consegue "mentir" tão facilmente. E se o que me dizes agora é verdade, então era antes que me mentias.

Noite 1:

E eis que acordo sobressaltado. Não consigo dormir mais. Não quero dormir mais. Muitos pensamentos.
Enganei-nos aos dois. Menti-te como me "mentiste" a mim. Só de pensar que não queres mais que e conquiste, o peito contrai-se e aperta tudo. A dor é enorme.

Ah! O teu corpo.
"Se tivesse de estar com alguém neste exacto momento, seria contigo!" Esqueceste-te ou foi de propósito?
Sou eu que não acredito no Destino. Mas se tu acreditas, explica-me este Destino. Ou então diz-me que só PARA JÁ, só precisas de um tempo. Uma réstia de esperança. Diz-me que queres que te volte a conquistar, mas NÃO AGORA. Diz-me que foi tudo em vão, se tiveres a coragem para isso. Diz-me que fui um erro de percurso e que acreditas e que sabes que, da próxima vez que nos cruzarmos, que os nossos olhares se trocarem, diz-me que nesse momento os nossos corações não vão acelerar, ou parar ou coisa que o valha!? E se isso realmente acontecer, o que quer dizer? Tu que és a "sentimental", vais-me dizer que é mentira? Vais-me dizer que não aconteceu antes e que não acontecerá mais? E se realmente acontecer? Não vais acreditar no teu coração e nos teus sentimentos?

Ah! Os teus olhos.
São o espelho da alma. E eu vi a tua. Falei com ela e, o que ela me disse, não foi o que tu me disseste.

Ah! MERDA!!!
Nunca disse que te queria prender. Somos "dois pássaros loucos". Somos livres. Prender-te nunca fez parte dos meus planos. Mas cativar-te sim. Fazer-te feliz também. Não posso prometer-te que te faria feliz para sempre, mas posso prometer que faria os possíveis.
Nunca te quis pressionar, mas também vejo que a determinada altura, tentei e cheguei a fazê-lo. Desculpa-me por isso.

Ah! São de um castanho lindo.
"Friend zone"? Não obrigado. As coisas teriam sempre de começar por algum lado. Pela amizade? Sim, claro! Mas não posso, nem conseguiria ficar aí eternamente. Gosto demais de ti, abri-me demais para ser tão somente um amigo. Mas espera! Não interpretes mal. Quero ser teu amigo, mas quero ser também o teu melhor amigo, confidente, marido e amante.

Ah! O sorriso é tão contagiante.
Já me pedes o impossível. Pedes-me que não passe um dia espectacular só porque a primeira coisa que me vem à cabeça assim que acordo é o teu sorriso. Pedes-me que não consiga dormir porque quando me deito, deito-me com os teus olhos castanhos claros, tão bons, tão quentes, os teus sinais, os teus lábios pecaminosos, o teu sorriso, a tua franja que tapa a testa e destapa assim que a franzes. O teu cabelo liso, que ondula nas pontas.
Pedes-me que esqueça isso? Tens coragem de me pedir isso?

Ah! O teu cheiro.
Posso não ser pintor. Não sou mesmo. Nem escritor. Mas já consigo pôr cada traço teu nestas linhas. Sei o sítio exacto dos teus sinais. Sei de cor os contornos dos teus lábios, o tamanho discordante dos teus dois incisivos superiores, as tuas sobrancelhas finas, a franja ligeiramente escadeada e o cabelo. Adoro ver-te de trança.

Ah! O meu pecado.
És tu! Deixa-te tu também cair em tentação. Sempre disse e nunca te escondi que Preciso de ti, pelo que és, pela bagagem que trazes e não por mais nada.

AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!! TU!!!
"Nunca me deixes, Preciso de ti.
O Amor é uma loucura e tu precisas de mim.
Em qualquer altura, em qualquer lugar,
Sinto a tua presença até num mero olhar!"

Ah! O teu coração.
Disseste-me que já tinha entrado na tua mente e que estava já no "jardim do teu coração". Estás a ter agora a coragem de me expulsar ou foi engano algum que houve? É que se não houve engano e disseste-o mesmo, lembro-te que me disseste que eras uma pessoa de impulsos, que segues o coração. Se assim é, porque agora segues a cabeça? "Para o nosso bem"? Então e o "nosso jantar perfeito"? Foi mentira que o teu coração "puff... parou"? Não acredito que tenha sido um espasmo. Não tenhas medo. Arrisca. Sê tu própria. Sê livre! Não quero ser a tua "gaiola", mesmo que deixe a porta aberta. Quero ser só o teu "porto seguro". Aquele que sabes que é garantido. Aquele que sabes ser onde encontrarás os mantimentos que precisas, onde receberás o que precisas. Aquele "porto" que não sairá do sítio e que te dará o que mais precisas, quando mais precisares, seja ele um mimo, um silêncio, um beijo, um cofre para guardar um segredo ou uma confidência. Um ombro para chorar e outro para rir.
Preciso fazer tanta coisa mas só preciso de uma pessoa - TU!.
Não é o ficar sozinho que me assusta. É o não ter tido a oportunidade de fazer outras coisas, viver outras coisas. Tenho medo de em determinadas alturas não ter arriscado o suficiente. Viver é isso. É arriscar. E eu arrisquei tudo quando me decidi a conquistar-te.
Disse-te que nos conhecemos na altura errada. Talvez não. Se calhar foi mesmo na altura certa. Foi quando mais precisávamos um do outro. Eu ainda Preciso de ti.

Não acredito que já não precises de mim.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Microlímetro 3

Faz já algum tempo que não falo no Microlímetro. Termo meu! Em termos de distância, corresponde à mais ínfima unidade de medição de espaço. Na altura em que criei os dois textos anteriores, criei-os simplesmente pela ideia que me surgiu. Por um ímpeto de escrita que me impulsionou.

"Toquei-te! E com cada microporo da minha mão, senti cada microporo da tua pele. Passei-te a mão no cabelo e senti todas as pontas quebradas e espigadas de cada fio de cabelo teu. Abracei-te e senti o teu peito a encher e a esvaziar de ar, ao mesmo tempo que sentia o bater do teu coração. Senti cada impulso do teu corpo, como se fosse meu. Com o meu abraço, tornei-me a tua pele. Sim! A tua pele! Uma espécie de escudo que não se permitirá a deixar que nada te aconteça. Fiz parte de ti, durante esse abraço. E no momento em que fiz parte de ti, não senti nada entre nós. Mas senti-te a ti. Senti cada arrepio teu, cada calafrio, formigueiro, dor ou gota de suor. Reduzi toda a distância que havia entre nós. E no momento em que o fiz, qual lapa, não deixei de ser o teu escudo. Aparei todos os golpes que recebeste. Sequei todas as lágrimas que te correram e curei todas as feridas que te infligiram, secando cada gota de sangue derramado.
E, no final, beijei-te. Deixei que os lábios se fossem aproximando devagar. Queria sentir a tua respiração quente. Quis sentir o calor que saía de dentro de ti. E cheirar aquele momento, para que ficasse gravado na minha mente, para não mais esquecer os contornos, a temperatura e humidade. E quando não sobrou mais espaço entre os dois corpos, entre os lábios, nesse exacto momento em que a distância foi reduzida ao microlímetro, o mundo parou. Os relógios não andaram mais e ficámos imóveis naquela posição. Sem trocar palavras ou sons, na esperança de eternizar aquele milissegundo, aquele microlímetro... aquele beijo."

terça-feira, janeiro 22, 2013

Quando... simplesmente estás na minha mente!

Procurei em todo o lado. Corri o diccionário, as gramáticas, cusquei os livros da especialidade e que encontrei? Rigorosamente nada. Não encontrei em lado nenhum algo que pudesse de alguma forma descrever o mais belo dos sentimentos humanos. Não encontrei em lado nenhum as palavras que te queria transmitir. Mas porra... Às vezes penso que já foi tudo dito e se for procurar, não encontro. E é quando não consigo encontrar o que quero, que mais me dá vontade de escrever. E sabes porque não encontro as palavras que te quero dar, nas palavras de outro? Porque nas palavras de outro, a beleza das emoções não te é dirigida. Porque só eu sei o que sinto e como te sinto. Não é o mesmo que Pessoa, ou Camões, ou Queirós ou outro, qualquer que seja, sente. O que sinto é tão somente meu e só eu posso descobrir as palavras para o dizer ou descrever.

Mas se não encontro as palavras para te dizer, encontro a imagem. A imagem é tão somente esta:
Encontro-me à tua frente. Ponho as mãos no meu peito e começo por furá-lo com as unhas, de modo a conseguir abrir as peles. De seguida, afasto tudo o que se encontrar entre a minha derme e as minhas costelas. Abro o meu peito até ao momento em que me vês somente as costelas e o que elas protegem. Mas ainda consigo mais. Consigo separar as costelas até que estas deixem de proteger o que quer que seja.
No fim de o fazer deixo que decidas o que fazer com os meus órgãos. Deixo-te a ver os meus pulmões a encher de ar e a esvaziar numa respiração rápida e nervosa por me estar a entregar desta maneira nas tuas mãos.
Deixo-te a decidir o que fazer com o meu coração, à medida que oscila entre batimentos acelerados e grandes momentos de paragem.
Só assim consigo expressar! Só transmitindo esta imagem, para veres a fragilidade em que me deixas. Como sou frágil quando estou contigo, ou mesmo quando não estou contigo, quando te oiço e não te oiço. Quando... simplesmente estás na minha mente!

quarta-feira, janeiro 02, 2013

Merda pró Tempo!!

Pois é.. Merda pró tempo. Para o raio que O parta. Foda-se. Até o meu pc acarreta com as culpas das minhas frustrações. Carrego nas teclas com tanta força que parece que isto é uma das velhinhas máquinas de escrever em vez do computador caríssimo que foi.

Irra pá... Farto de coisas sem jeito nenhum. Farto de querer e não ter. Farto de não querer e ter. A única coisa que queria agora mesmo era poder adormecer. Mas um daqueles sonos mágicos dos contos de fadas. Um daqueles sonos de que somos despertos quando se resolveram todas as peripécias. Um daqueles sonos em que só depois de todas as conquistas feitas, de todas as batalhas travadas, somos acordados. Mas que significa isso?
Significa que não me apetece Viver. Mas calma. Não no sentido de estar morto. Viver no sentido de passar despercebido. Não ter alegrias nem tristezas. Não ter vitórias nem derrotas. Não amar nem odiar. Nem chorar nem rir.
Ser um sonâmbulo. Exactamente! É isso que apetece. Dormir em pé e de olhos abertos. Sentir a vida a esvair, a escorrer, a desaparecer entre os dedos. Deixar que o Filha da puta do Tempo me apanhe na curva e que de um momento para o outro eu acorde, olhe para trás e diga para comigo mesmo: "Tava a ver que nunca mais! Demorou mas finalmente estou à beira de acordar. Não vivi o que devia. Não fiz o que devia. Mas porra.. Pelo menos não chorei, não sofri, não amei, não tive derrotas. Só tenho pena de não ter rido"

Quando adormecer, é disso que mais falta vou sentir... de rir. De rir cheio de vontade. Um daqueles risos que vêm do fundo da alma. Um daqueles que nos fazem rir e roncar que nem porcos, ao mesmo tempo! Rir como se não houvesse amanhã.
E para adormecer o Tempo corre. Para aí o Cabrão já me arrasta. Já me chama há muito tempo. Mas o Ranhoso dar-me tempo para eu poder rir é que não. Isso Ele já não faz. Isso Ele já não deixa. Ok, Sendo assim, e uma vez que ainda não podemos impedir que Ele passe por nós, uma vez que não O podemos travar nem desacelerar, então, resigno-me e deixo que Ele me pegue antes do da hora marcada. Ajoelho-me aos Seus pés, entrego a minha espada e digo que desisto. Digo que faça de mim o que bem Lhe aprouver. Digo-Lhe que não quero mais feridas de lutas. Que guerras não levam a lado nenhum e que está na altura errada para ir dormir e descansar.
Viro-Lhe as costas e é isso que faço. Durmo e descanso.

Quando dormimos, Ele passa mais depressa. Pode ser que assim, também mais depressa Ela me encontre!