O peso do mundo não me sobrecarrega.
Os problemas dos outros não são os meus.
Mas nem tudo ainda vai bem..
Ainda há a procrastinação. A dificuldade de manter a concentração, numa actividade, por mais de 30 minutos. Mas com o tempo, lá chegarei.
Há 15 anos atrás, atravessei um dos momentos mais "traumáticos" a nível pessoal. Doeu. Mas lá acabei por ultrapassar esse momento menos bom sozinho.
Dois anos depois, perdi um dos pilares da minha família. Uma das pessoas que mais amei em toda a minha vida. E doeu, saber que aquela pessoa que se encontrava pálida, de mãos cruzadas sobre o peito, não voltaria a sorrir para mim, a dizer o meu nome. Que não voltaria a abraçar. E chorei muito. Muito mesmo. Mais do que possam imaginar.
Há dois anos atrás, aquele que gosto de chamar "o meu primeiro irmão", partiu sem que me pudesse despedir. E quando olhei para ele através de um vidro pequeno numa caixa de madeira, chorei novamente como não chorava há muito tempo. Saber que não o voltaria a abraçar, que não voltaríamos a rir, a brincar, a gozar um com outro, causou em mim uma enorme sensação de vazio.
Ainda penso neles, nas suas caras, vozes, sorrisos, e tantas histórias que tivemos juntos. Essas memórias, tempo algum apagará. O Tempo serve só para que não escorra pela minha face o "mar salgado" com a tristeza e saudade dos que partiram. Essa ampulheta infinita serve unicamente para que as recordações me arranquem um sorriso mental, ou não, ou mesmo para que se arrepiem as carnes e os cabelos com as memórias inapagáveis das pessoas que tive a sorte de terem cruzado a minha vida mas, sobretudo, a quem tive a Fortuna de poder chamar de família.
Há meia dúzia de meses, o cansaço físico e emocional que já vinha a experienciar, fizeram com que uma outra experiência se tornasse em mais um trauma. Com a diferença de que desta vez, não o consegui ultrapassar sozinho. Precisei de pedir ajuda. E é engraçado como sem dar conta, o tipo de ajuda (psicológica) que procurei, me ajudou efectivamente - a superar as crises de ansiedade, de choro e de tristeza que se apoderavam de mim.
Mesmo sem dar conta do progresso, o certo é que hoje, vejo os meus dias com uma clareza e clarividência diferentes, apesar de alguns disparates que ainda vou fazendo, ou que me vão acontecendo.
Meus queridos... A saúde mental é efectivamente uma coisa séria e que não se deve descurar. Eu estou aqui deste lado para o caso de alguém querer um miminho, um abraço, um copo ou um ouvido. Mas saibam que mesmo não possuindo meios profissionais de diagnóstico, irei dizer a todos os que entender necessário que um aconselhamento profissional, não é nada de que se devam envergonhar. Eu não me envergonho de nada, nem de no momento mais sombrio, muitos pensamentos me terem passado pela cabeça e ter de imediato tomado consciência que o melhor era pedir ajuda.
Obrigado à minha psicóloga!! (Não te assustes que isto não é uma carta de despedida). Se não fosse ela, talvez ainda estivesse preso a algo que me impedia de me mover no presente, de olhos postos no amanhã. A minha dádiva é essa... O acordar todos os dias de manhã. A minha Gratitude é a Felicidade de conseguir voltar a dormir descansado e saber que o dia seguinte será e trará novas razões belíssimas para se estar vivo. Eu sei que estou!!
E vocês??
Abreijos e vamos falando!! ;)