quarta-feira, janeiro 22, 2020

Alegria por não te amar.

Deixei-te na porta de casa.

Tínhamos estado juntos toda a noite. E a noite voou tão depressa que me doeu no mais íntimo a nossa despedida. Rimos tanto que chorei de alegria, a barriga doeu e os músculos da cara ficaram tesos como pedras. Disse-te isso e respondeste "São então as pedras mais bonitas que já vi. O teu sorriso é lindo. Os teus olhos também". Fizeste-me corar. Não estou habituada.

No momento da despedida, quis-te. Quis a tua respiração ofegante. Quis o teu corpo e a tua alma naqueles momentos em que amantes se tornam um só.

Imaginei o sabor dos teus lábios e souberam a gelado de chocolate. Mas que gelado de chocolate?! Nem sequer é o meu favorito. Porque haveriam os teus lábios de ter esse sabor?

Senti as tuas mãos largas, dentro dos bolsos a correr o meu corpo. Apertaste-me com tanta força que gemi. Apertaste mais. Gostaste daquele som de prazer e dor que não parava de emitir.

Mas como tudo tem um fim, apartámos-nos. Cada um seguiu o seu caminho em direcção a casa. Ainda voltei atrás para te dizer que queria dormir com o sabor dos teus lábios mas, quis o Fado que tudo não passasse de um sonho.

Acordei e chorei. Chorei de saudade e alegria. Saudade de desejar. Alegria por não te amar.

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