terça-feira, maio 15, 2012

Um furo no peito...

Fodasse! A cavilha não atravessa o peito todo. Mas como poderia? O peito dele tinha crescido tanto. Guardava lá tanta coisa que se não crescesse todos os dias, corria o risco de não aguentar e ter a qualquer altura explodido. O cómico da situação é só ele ia vendo o seu peito a crescer, mas como se tornava habitual, a dada altura, também ele deixou de o ver crescer. Para os outros ele estava perfeitamente normal. Com as medidas todas certas, sem nada de anormal com a sua pessoa ou físico. O dia começou da mesma maneira que tantos outros. Acordou tarde! É sempre o mesmo. O Pestana demora a chegar, mas quando chega parece que veio para ficar a vida. Às vezes era preferível que assim fosse. Chegava o Pestana e ficavam os dois em brincadeiras e conversas até ao dia em que já não houvesse mais dia. Mas não... Acaba por acordar e dá-se o principio de mais uma alvorada. Este novo dia, ainda ele não sabe, fará crescer o seu peito mais um microlímetro. Acorda, faz o que tem a fazer e quando a sua mente fica livre para si mesma, divaga, liberta-se e ganha vida própria. Pensa. E são estes pensamentos que fazem crescer o seu peito. Pensa na sua vida, nas suas relações, nos seus amigos, no passado, no presente e no futuro. Mas para quê? Porquê? E porquê o futuro? São estes pensamentos, estas libertações da sua mente que lhe fazem crescer o peito, que fazem com que lhe seja impossível de fazer a cavilha chegar ao destino. Ainda assim, o dia vai tão somente na sua madrugada. Por volta do meio dia, já o seu peito se tinha inflamado mais de uns pensamentos de desejos não cumpridos e desejos não realizados. Ao final do dia, já o seu peito crescera milhares de milhões de microlímetros que o impediam de ver o chão que pisava, os passos que dava. Era então que se resolvia a ir buscar a cavilha para furar, para poder esvaziar e libertar-se qual balão de ar. Mas o seu peito havia crescido mais. A cavilha que tinha não era suficiente para o libertar dos seus amores e das suas desilusões. Fodasse! A cavilha é pequena e não atravessa o peito. Não chega ao seu destino. Ficaria para o dia seguinte a demanda por uma cavilha maior. Por uma que ponha fim ao seu desejo de poder voltar a ver os passos que dá, de poder voltar a não sentir. Não sentir será assim a única solução para o crescimento desmesurado do seu peito. Resta assim um furo no peito, para o lembrar que no dia anterior não foi suficiente. Amanhã tentará novamente com uma maior.

2 comentários:

Unknown disse...

A falar em cavilha.. vamos lá beber um dia uma cervejinha? :)

Pedro Barros disse...

Ma friend João...
Já te tinha dito que é quando quiseres. Se eu poder irei de certeza!