quarta-feira, agosto 29, 2018

O Amor é cego (mas ainda tem idade)

Há anos… há muitos anos atrás, numa altura de felicidade relativa, de reis e rainhas, príncipes e princesas, o mundo era um conto de fadas e todos viviam cegos e seguros dessa felicidade relativa. Era a Idade da Utopia.
Eram tempos em que o Homem regia a sua vida segundo as leis dessa felicidade relativa. Podiam comer o que quisessem. Beber o que quisessem, pegar o que quisessem. E ninguém dizia nada. E um dia todos eram reis e rainhas, príncipes e princesas.
E as relações eram do mais honestas possíveis. Só se era amigo até um se fartar. E quando se fartasse, dizia e escolhia outro amigo. O mesmo se passava com os homens e as mulheres. Não havia matrimónio, nem igreja. Ninguém se casava. Não havia necessidade. Relações duradouras não existiam. A vida era como é, feita de experiências. E essas experiências levavam a partilhas quase obrigatórias de vivências, de pessoas. Mas não havia a noção de Amor. Ninguém amava. Seria essa a razão de todos viverem em felicidade relativa?


Mas um dia tudo mudou. Mas porquê? Como? O que se passou? Conta-nos!!

O que se passou?! Simples! A escrita apareceu. E os poetas começaram a olhar para lua e a chamá-la de amor. Olharam para as flores e chamavam por alguém que lhes aparecia distante. E viam riachos e ansiavam que a Lídia se sentasse à sua beira. E começou o sofrimento. O Homem começou a procurar companhia permanente. E apareceram os primeiros ladrões. Primeiro roubaram corações. Mais tarde roubaram bancos. Os reis e rainhas, príncipes e princesas não trocaram mais, antes trocaram entre eles.
E se antes o Amor não existia, como que quisessem que não nos esquecêssemos de tempos de felicidade relativa, foi nos dito que o Amor continua cego, que não escolhe cor, nem género, nem idade.

E então? Como acaba?


Acaba quando de vez em quando nos cruzamos com uma dessas pessoas. Alguém que amamos e que nos ama de volta sem conhecer a cor da nossa pele, mas antes a cor da nossa alma. Sem olhar para o nosso género, mas antes para o tipo de confiança que transmitimos. Que nos diz que a nossa idade é a idade da vida que quer passar connosco.


Que bonito!


É mesmo? Terei contado isto bem ou a história é ao contrário?

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