Acerca de mim

- Pedro Barros
- Pombal, Beira Litoral, Portugal
- Às vezes, fazemos tudo bem e mesmo assim perdemos.
segunda-feira, janeiro 06, 2025
Foi assim que começaram!
Day 13:
"Porque é que só respondes às vezes?"
"Porque fizeste uma afirmação e não uma pergunta!"
"Mas a afirmação é sobre ti e implica uma pergunta!"
"Então é porque se calhar tens razão, ou eu não quero responder!"
"Ok!"
Mas que merda, pensa ela. De onde vem esta memória? Que conversa foi esta. Lembra-se que foi com ele apesar de não se lembrar do contexto.
"Gostava de ter conhecido há mais tempo!"
"Eu também. Mas foi agora e isso é o que importa!"
"Go't ti!"
"Eu também!"
Esta memória é das primeiras. Esta ela lembra-se. E do sítio em que foi. E o que aconteceu depois também se lembra!
"E vais continuar a gostar?"
"Talvez cada vez mais."
"Talvez?!?!"
"Sim. O futuro é condicional."
Volta a lembrar-se de onde estava. O sítio exacto do percurso!
"Já não sei se gosto de ti!"
"Desculpa... Não ouvi bem o que disseste!"
"Ouviste sim!"
"Mas o que se passa? Não és tu, sou eu. Acho que tenho qualquer coisa?"
"Qualquer coisa, o quê? Quem?"
"Não sei. Ninguém!"
"Mas queres que saia?"
"Não!"
"Queres que fique?"
"Não sei!"
"E o Natal com as famílias? E a Passagem de Ano com os amigos?"
"Não sei, não sei... Deixa-me em paz!"
"Mas as férias estão aí!"
"Eu sei. Deixa-me em paz!"
Lembra-se do dia vivamente. Demorou mas descobriu qual a lasca que se perdeu. Voltou a lembrar-se do ódio, do bloqueio do número de telemóvel, das mensagens que não mais foram trocadas, mas sobretudo de nunca mais ser capaz de amar ou receber amor. Lembrou-se que não mais olhou a cara dele. Desprezou-o durante anos. Talvez ainda!
E lembrou-se da ansiedade que ficou por não ter tido a coragem de dizer o que devia ter sido dito, de não fazer o que devia ter sido feito!
"Segunda oportunidade? Para quem? Para quê?"
"Para mim!"
"Mas não fizeste nada de errado!"
"Para ti!"
"Mas o que fiz de errado?"
"Nada! Para nós! O que temos. O eu gostar de ti e tu de mim!"
"Achas que conseguimos?"
"Acho que sim porque..."
O Futuro é Condicional. De onde vem essa ideia? Será que é verdade? Ela achava sempre que o futuro era incerto e não condicional. Mas o que é isso? É um "se"!!! É isso que é. O futuro é um "se" e como ela gostava de "ses". Foi isso que a levou a sussurrar-lhe ao ouvido a primeira vez.
"Vamos viver um dia de cada vez. Prometes?"
"'Bora! Pensar no futuro traz ansiedade!"
Lembra-se da noite que ele lhe lhe disse isso da primeira vez! Então porque será que desistiu de viver com ela um dia de cada vez?
"Voltaste a estar com alguém?"
"Mais ou menos. A primeira lasca que se perdeu foi essa! Não consegui entregar-me. Ele despiu-se eu eu também. Mas não houve nada. Não consegui. Ainda não me sais da cabeça! Não aconteceu nada pois não parava de dizer o teu nome aos berros na minha cabeça. E mesmo sabendo que era outra pessoa na minha frente, só via o mel dos teus olhos!"
A verdade é que é verdade! Ela sabe que se engana quando tenta estar com outra pessoa. Que é supérfluo e que não significa rigorosamente nada e é horrível porque engana outras pessoas mas, mais grave, engana-se a ela própria!
"Vamos beber um café?"
"Não sei se é boa ideia!"
"Porquê?"
"Sei lá! Talvez...."
Talvez é horrível. Ou sim ou sopas! Será que tem medo? Será que se olhar a cara dela se lembra de algo? Sente algo? Será que teria a coragem de o admitir? Ela sabe que não. Conhece-se. Ela também tem medo! Mas foi há tanto tempo, que esse medo se foi dissipando.
"O que ninguém sabe, ninguém estraga!"
"Será? O que queres dizer com isso?"
"Vem cá que eu digo-te ao ouvido."
"Não faças isso!"
"Porquê?"
"Porque posso aceitar!"
"Então anda. Como vieste da primeira vez. Mas agora não dizemos a ninguém! E encontramos-nos onde quiseres, sem falar a ninguém e sem falarmos nós! Porque o essencial é invisível aos olhos. E nós ainda somos essenciais um para o outro!"
"Não gosto..."
"Eu sei que não gostas do livro. Mas cala-te e ouve!!"
Ainda é possível. O mundo não está ao contrário se ainda gostam um do outro!
"Já reparei que gostas de mim e eu gosto de ti! Porque não ver no que dá?"
"Siga! Estava a pensar o mesmo!"
Foi assim que começaram!
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