segunda-feira, janeiro 06, 2025

Foi assim que começaram!

Day 13: "Porque é que só respondes às vezes?" "Porque fizeste uma afirmação e não uma pergunta!" "Mas a afirmação é sobre ti e implica uma pergunta!" "Então é porque se calhar tens razão, ou eu não quero responder!" "Ok!" Mas que merda, pensa ela. De onde vem esta memória? Que conversa foi esta. Lembra-se que foi com ele apesar de não se lembrar do contexto. "Gostava de ter conhecido há mais tempo!" "Eu também. Mas foi agora e isso é o que importa!" "Go't ti!" "Eu também!" Esta memória é das primeiras. Esta ela lembra-se. E do sítio em que foi. E o que aconteceu depois também se lembra! "E vais continuar a gostar?" "Talvez cada vez mais." "Talvez?!?!" "Sim. O futuro é condicional." Volta a lembrar-se de onde estava. O sítio exacto do percurso! "Já não sei se gosto de ti!" "Desculpa... Não ouvi bem o que disseste!" "Ouviste sim!" "Mas o que se passa? Não és tu, sou eu. Acho que tenho qualquer coisa?" "Qualquer coisa, o quê? Quem?" "Não sei. Ninguém!" "Mas queres que saia?" "Não!" "Queres que fique?" "Não sei!" "E o Natal com as famílias? E a Passagem de Ano com os amigos?" "Não sei, não sei... Deixa-me em paz!" "Mas as férias estão aí!" "Eu sei. Deixa-me em paz!" Lembra-se do dia vivamente. Demorou mas descobriu qual a lasca que se perdeu. Voltou a lembrar-se do ódio, do bloqueio do número de telemóvel, das mensagens que não mais foram trocadas, mas sobretudo de nunca mais ser capaz de amar ou receber amor. Lembrou-se que não mais olhou a cara dele. Desprezou-o durante anos. Talvez ainda! E lembrou-se da ansiedade que ficou por não ter tido a coragem de dizer o que devia ter sido dito, de não fazer o que devia ter sido feito! "Segunda oportunidade? Para quem? Para quê?" "Para mim!" "Mas não fizeste nada de errado!" "Para ti!" "Mas o que fiz de errado?" "Nada! Para nós! O que temos. O eu gostar de ti e tu de mim!" "Achas que conseguimos?" "Acho que sim porque..." O Futuro é Condicional. De onde vem essa ideia? Será que é verdade? Ela achava sempre que o futuro era incerto e não condicional. Mas o que é isso? É um "se"!!! É isso que é. O futuro é um "se" e como ela gostava de "ses". Foi isso que a levou a sussurrar-lhe ao ouvido a primeira vez. "Vamos viver um dia de cada vez. Prometes?" "'Bora! Pensar no futuro traz ansiedade!" Lembra-se da noite que ele lhe lhe disse isso da primeira vez! Então porque será que desistiu de viver com ela um dia de cada vez? "Voltaste a estar com alguém?" "Mais ou menos. A primeira lasca que se perdeu foi essa! Não consegui entregar-me. Ele despiu-se eu eu também. Mas não houve nada. Não consegui. Ainda não me sais da cabeça! Não aconteceu nada pois não parava de dizer o teu nome aos berros na minha cabeça. E mesmo sabendo que era outra pessoa na minha frente, só via o mel dos teus olhos!" A verdade é que é verdade! Ela sabe que se engana quando tenta estar com outra pessoa. Que é supérfluo e que não significa rigorosamente nada e é horrível porque engana outras pessoas mas, mais grave, engana-se a ela própria! "Vamos beber um café?" "Não sei se é boa ideia!" "Porquê?" "Sei lá! Talvez...." Talvez é horrível. Ou sim ou sopas! Será que tem medo? Será que se olhar a cara dela se lembra de algo? Sente algo? Será que teria a coragem de o admitir? Ela sabe que não. Conhece-se. Ela também tem medo! Mas foi há tanto tempo, que esse medo se foi dissipando. "O que ninguém sabe, ninguém estraga!" "Será? O que queres dizer com isso?" "Vem cá que eu digo-te ao ouvido." "Não faças isso!" "Porquê?" "Porque posso aceitar!" "Então anda. Como vieste da primeira vez. Mas agora não dizemos a ninguém! E encontramos-nos onde quiseres, sem falar a ninguém e sem falarmos nós! Porque o essencial é invisível aos olhos. E nós ainda somos essenciais um para o outro!" "Não gosto..." "Eu sei que não gostas do livro. Mas cala-te e ouve!!" Ainda é possível. O mundo não está ao contrário se ainda gostam um do outro! "Já reparei que gostas de mim e eu gosto de ti! Porque não ver no que dá?" "Siga! Estava a pensar o mesmo!" Foi assim que começaram!

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