Acerca de mim

- Pedro Barros
- Pombal, Beira Litoral, Portugal
- Às vezes, fazemos tudo bem e mesmo assim perdemos.
domingo, janeiro 05, 2025
"Não és tu, sou eu!"
Day 7:
Demora a entender.
Ela sabia bem que ele tinha o caos no sótão. Sempre lhe houvera dito que estaria ali para ele. Para o ajudar sempre que precisasse de um abraço apertado. Sempre que precisasse de sair sem destino. Que o ajudaria a ver-se de outra maneira, como ela o via, como um ser maravilhoso e cheio de luz.
Day 8:
Apressou-se a arranjar-se. Tinham combinado passar o dia juntos.
Mas algo não estava bem. Ela sentia no seu íntimo que o mundo estava prestes a desabar. Pensou em mil coisas mas só uma ficava: Porquê?
Ao chegar a ele, viu-o diferente. Mas ainda assim, veio aquele beijo bom de quem ainda gosta.
E ela sentia-se tão nervosa. Como podia estar a tremer de nervosismo junta da pessoa que ela mais gostava?
O almoço foi simples e rápido. Falaram de coisas triviais, e até das mãos dele.
O tremer nervoso intesificava-se e ele pede para a ir matar ao sol.
"Sabes que preciso falar uma coisa muito importante contigo, certo?"
"Sei. Queres-me dizer que nunca tive hipótese!"
A terrível sensação de injustiça vem com "Não és tu sou eu!"
Não pode ser!! Ela tinha de ter alguma culpa, só não conseguia perceber onde tinha errado. Mas em algum sítio tinhe de o ter feito.
Ela calou-se enquanto ele puxava o tapete do seu mundo. "És a melhor pessoa do mundo. Não tive nunca ninguém como tu. És a única pessoa com quem gosto de passar tempo. Estávamos a conhecer-nos, estava a conhecer-te, e gostei muito da pessoa que conheci mas, não quero conhecer mais!"
E as lágrimas começaram a escorrer pela cara dele. Ela manteve-se impávida. Mudou-se para a frente dele e não parava de a acariciar. Pensava em tudo e em nada. O consciente dizia uma coisa e o super inconsciente deixava que ela o acariciasse.
Despediram-se com um abraço. Ele apertou-a tanto que naquele momento, se ela o beijasse, ele deixava.
Day 9:
Desculpa!
Foi ao contrário. Nao foste tu, fui eu! Ela queria mais dele que o que ele podia dar.
Ela calou-se. Deixou que ele a estilhaçasse novamente sem se impôr. Sem perguntar porquê. Sem entender porquê. Mas acima de tudo, aceitou sem ser capaz de dizer que as coisas se deviam resolver a dois, nunca de um forma tão individualista.
Entendeu o caos em que ele vivia mas teve pena de não ter mais tempo para ajudar a organizar.
Day 10:
O carinho que lhe teve ia oscilando entre memórias boas e momentos de raiva. Odiava-o por não ter tido a coragem de falar com ela mais cedo. E lembrava-se dos passeios, das conversas, das horas infindáveis na cama, passadas entre conversas e intimidade.
E ódio desaparecia novamente.
Quase se odiou a ela própria por não ter dado ouvidos. Por nao ter sido o Mwanito de outrora, aquele que escutava todos os silêncios.
Day 11:
Estilhaçada duas vezes. Demorou a juntar os cacos. Mas houve sempre uma lasca que nunca foi encontrada. Desta vez, uma outra lasca desapareceu.
Há sempre algo irrecuperável! E no caso dela, ainda era cedo para saber o que viria a ser.
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